'"Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação“. II Timóteo 1:7. .Acesse o blog Liberdade em Cristo: www.blogliberdadeemcristo.blogspot.com , Reriutaba-Ceará, Darcior Ferreira.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

HOMENS CASADOS PODEM SER PADRE? OU PADRE PODEM SE CASAR?

Esta pergunta ouço sempre com freqüência, principalmente no meu interior, que não foi lhe dado chance de conhecer a história do que é ou que não é o celibato,No meu ceará, coisas tão antigas como a ordenação de homens casados, pelas igrejas independentes de Roma, é uma coisa nova, e para os mais tradiicionais " uma coisa de outro mundo". acorda RERIUTABA!!

 A princípio, padres não se casavam por opção, para dedicar 100% do tempo e das energias à oração e à pregação – da mesma forma que Jesus Cristo. Em 1139, ao final do Concílio de Latrão, contudo, o matrimônio foi proibido oficialmente a membros da Igreja. Embora a decisão tenha se apoiado em passagens bíblicas – como “É bom para o homem abster-se da mulher” (presente na primeira carta aos Coríntios) -, uma das razões mais fortes para a transformação do celibato (como é conhecida a proibição do casamento) em regra foi o que, já naquela época, ditava as regras da humanidade. Fé? Nada disso. Grana! Na Idade Média (do século 5 ao 15), a Igreja Católica alcançou o auge do seu poder, acumulando muitas riquezas, principalmente em terras. Para não correr o risco de perder bens para os herdeiros dos membros do clero, o melhor mesmo era impedir que esses herdeiros existissem. Isso não fez muita diferença para os monges, que, por opção, já viviam isolados em mosteiros, mas em algumas paróquias a proibição gerou discórdia. A maior delas ocorreu no começo do século 16 e foi uma das razões pelas quais o cristianismo passou pelo seu maior racha: Martinho Lutero rompeu com o papa e criou a Igreja Luterana, que permitia o casamento dos seus pastores – e permite até hoje (veja o quadro abaixo). Depois da Reforma Protestante, a Igreja Católica reafirmou o celibato, definindo no Concílio de Trento, em 1563, que quem o rompesse seria expulso do clero. A regra se manteve até 1965, quando o papa Paulo VI permitiu que padres se casassem e continuassem freqüentando a Igreja (sem a função de padres, claro). Para conseguir essa liberação, o padre noivo precisa enviar um pedido ao Vaticano e esperar a autorização, que pode demorar até dez anos. “João Paulo II tornou o processo mais demorado, mas Bento XVI está limpou a mesa”, diz o teólogo Afonso Soares, professor da PUC-SP. Além de promover a tal limpeza, o  papa emérito surpreendeu, em agosto do ano 2010, ao aceitar que o ex-pastor anglicano David Gliwitzki, casado e pai de duas filhas, e tornasse padre.

Judaísmo
Rabinos podem ter relacionamentos e se casar. A única recomendação é que a esposa seja judia
Budismo
Não reconhece nenhum ser superior capaz de dar ordens de conduta, mas monges e monjas vêem a abstinência sexual como algo que eles devem se esforçar a aprender
Cristianismo protestante
Pastores (batistas, metodistas, da Assembléia de Deus ou de qualquer outra corrente) podem se casar. Entre os luteranos, há grupos de monges que, por opção, adotam o celibato
Cristianismo Ortodoxo
Homens casados podem virar padres, mas dificilmente serão promovidos a bispos. A regra é a mesma em correntes católicas orientais, como a maronita e a ucraniana
Islamismo
Qualquer homem (no islamismo, não há sacerdotes como no catolicismo) não só pode como deve ter quatro esposas, se puder sustentá-las, é claro. As mulheres,
por outro lado, só podem ter um marido\

 Primeiro de tudo é preciso esclarecer que o celibato é obrigatório somente na igreja católica de rito latino, para o clero diocesano. Os religiosos vivem o celibato em observância ao voto de castitade, mesmo não sendo sacerdotes. As igrejas católicas de rito oriental possuem até hoje sacerdotes casados, com uma única condição: precisam casar-se antes da ordenação. Além disso, o Vaticano aceita como candidatos ao sacerdócio católico também pastores protestantes e anglicanos convertidos, sem obrigar-lhes a deixar a própria esposa.Considerando já estes aspectos, a questão que você põe é muito complexa e a resposta dificilmente será clara. Para facilitar a nossa reflexão, começamos com os dados mais claros, aqueles históricos.
Na igreja, antes de falar em celibato, primeiro de tudo se fala de continência para os ministros ordenados. A normativa sobre a continência para os ministros ordenados entre em vigor no século IV e é introduzida por 3 decretos pontifícios do papa Siricio e do papa Dâmaso e ainda por um cânon do concílio de Cartagena, de 390. A continência, no sentido de celibato obrigatório para os sacerdotes, foi re-afirmada pelo Concílio Lateranense II, em 1139, depois pelo Concílio de Trento e finalmente pelo Coincílio Vaticano II. O cânon de Cartagena impõe que a continência seja perfeita por parte daqueles que são escolhidos para o serviço dos sacramentos “para que aquilo que ensinaram os apóstolos, e a história conservou, seja observado também por nós”. E continua: “Todos são de acordo que o bispo, o padre e o diácono, custódios da pureza, abstém-se da união conjungal com as suas esposas, para que venha preservada a pureza perfeita daqueles que servem no altar”.
A referência que o cânon faz à doutrina dos apóstolos sugere procurar no Novo Testamento os fundamentos desta norma. Normalmente os textos que são citados como exemplos para provar a exigência evangélica da continência são Mateus 19,12, sobre o celibato pra o Reino dos Céus, e 1Coríntios 7,32 (além de outras passagens). Porém esses textos não se referem particularmente aos ministros ordenados, mas falam em geral, para todos aqueles que possam entender o valor de tal escolha. Sabemos que os apóstolos tinham esposas. E são Paulo, em 1Coríntios 9,1-5 diz: “Não sou livre? Não sou um apóstolo? Não temos o direito de trazer conosco uma ‘mulher crente’ como fazem também outros apóstolos e os irmãos do Senhor e Cefas?” Paulo faz esta pergunta no contexto da discussão sobre a questão se era justo ou não que os apóstolos recebessem ajuda das comunidades também para as próprias mulheres. O problema existe a partir do momento em que se pretende examinar uma ligação explícita entre a continência e o celibato e entre este e o sacerdócio. Existem textos que explicitamente fazem essa ligação?
Os textos nos quais se vêem tal ligação se encontram nas cartas pastorais de São Paulo a Timóteu e a Tito, onde, em referência aos bispos (1Timóteo 3,2), aos padres (Tito 1,6) e aos diáconos (1Timóteu 3,12) se aconselha que sejam ‘esposo de uma única mulher’. Parece que esta seja uma fórmula técnica que não é usada para os cristãos em geral, mas apenas para aqueles que exercitam um ministério. A fórmula é mais complicada do que se pensa. De fato ela é enterpretada por alguns estudiosos também como uma exigência de fidelidade antes da ordenação em vista de uma continência completa depois da ordenação. A fidelidade sexual a uma única mulher devia ser uma garantia em vista de uma fidelidade à continência no futuro, uma interpretação muito forçada. Os textos dizem que essas pessoas eram ou foram casadas. Na verdade a maioria dos exegetas diz que os ministros sagrados podiam ser casados somente uma vez e, se viúvos, não podiam esposarem-se de novo. Por quê? A exigência de puridade cultual não tem raízies em Paulo. Ele nunca menciona essa idéia. Invés, é Tertuliano que, pela primeira vez, fala de continência no sentido de não ter esposa. Aqueles que escolhereram ser ministros casaram com a Igreja, com Cristo. Também Agostinho assimila a relação entre ministério ordenado e matrimônio com a Igreja/Cristo. Desde então predominou esta imagem para justificar o celibato dos minsitros.
João Paulo II, na carta “Pastores Dabo Vobis”, número 29, diz: “A vontade da Igreja encontra a sua última motivação na relação que o celibato tem com a ordenação sagrada que relaziona o sacerdote a Jesus Cristo, chefe e esposo da Igreja. A Igreja, como esposa de Cristo, quer ser amada pelo sacerdote em modo total e exclusivo como Jesus Cristo, chefe e esposo, a amou.”Este é o significado teológico do celibato sacerdotal para a igreja católica, como é afirmado e defendido até hoje.
Não existem dúvidas que a continência é um valor sublinhado pelo Novo Testamento e se trata de uma virtude destinada a todos os cristãos. As opiniões favoráveis à origem apostólica da obrigação do celibato sacerdotal não convencem. Permanecem diversos problemas que não encontram resposta, como por exemplo, a relação que Paulo mesmo faz entre o matrimônio (e o celibato) e o mistério da relação entre Cristo e a Igreja, em Efésios 5,32; também o fato que não parece (não é nunca dito) que as viúvas, das quais Paulo fala e que devem ter sido casadas uma única vez, fossem pessoas que realizavam o ministério ordenado. Além disso, se o fundamento do celibato sacerdotal tem origem bíblica, como então justificar a práxis das igrejas de rito oriental (sempre católicas), onde existem sacerdotes casados, e a admissão ao sacerdócio católico dos convertidos das igrejas protestantes que são casados? É implícito o reconhecimento de alguma compatibilidade entre as duas condições, padres casados e padre célibes.
Todavia, para a igreja latina, a doutrina é claramente favorável ao celibato obrigatório. Certamente podemos encontrar motivos válidos de ordem teológica e prática a esta habitude, mas, biblicamente, a relação entre continência/celibato e sacerdócio não é evidente. De qualquer forma a igreja católica não considera esta práxis discutível e as portas à discussão estão fechadas.

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